A minha relação com Deus é ambígua e cheia de dúvidas: por um lado, questiono a sua existência, mas, por outro, em certos momentos, sinto uma espiritualidade que me faz sentir "acompanhado".
O meu Deus, ou chamemos-Lhe, a tal "companhia" não pode ser a Entidade Vingativa e Cruel descrita no Velho Testamento. Recuso-me a acreditar num Deus, que, sendo omnipresente e omnipotente, se sirva desse poder para manipular seres mais frágeis. Recordo o caso de Abraão: para quê sujeitá-lo a um teste tão cruel se Deus já sabia que o patriarca Lhe era fiel?
Se Deus é Bom, por que motivo deixa que o Mal aconteça? Na sua omnipotência, por que não acaba com o Sofrimento?
Estas são algumas das muitas questões incómodas que sinto que embaraçam os religiosos, cujas respostas não me satisfazem.
Falam-me em Fé. Sei que tenho de trabalhar o lado espiritual que há em mim mas... mas a lógica interpõe-se muitas vezes.
Gosto da sensação de Deus em mim quando, por exemplo, ouço uma música que me eleva o espírito e, nesse momento, a Alma sobrepõe-se à Matéria, fazendo-me acreditar em Algo que é sem dúvida muito bom e me dá forças. Nesses momentos, sinto e penso que tem de haver mais qualquer coisa que nos inspira. Quando me sinto triste e em dificuldades tento recorrer a esse Algo que me conforta.
A ideia de um Deus não me é indiferente e, como gosto de ir ao fundo das questões, vou continuar a procurar respostas para as minhas dúvidas. É que se existe o Mal tem de existir o oposto.
João Rio